sexta-feira, 11 de março de 2016

Homófonas

Homófonas – Gémeas Falsas

Num belo dia, na escola, as crianças contentes brincavam no recreio. Após a sineta tocar, a professora chamou:
- Meninos, é hora de entrar!
- Que chatice, preferia brincar mais um pouco… - resmungou a Clara guardando a sua boneca.
- Clara, há hora para tudo!!! Cumpre as ordens! Ora brincas, ora estudas
- Professora, quer que eu reze?!? Orar?!?
- Nada disso! Hora de entrar, está no teu horário e, por isso, escreve-se com “h”. Ora, sem “h”, pode ser, realmente, orar de oração ou uma conjunção. – elucida prontamente a professora.
 As crianças entraram e… As homófonas saltaram da gramática de uma menina! Pareciam dançar animadamente aos pares, em cima das mesas dos alunos. Esta gramática era especial! Era uma gramática que parecia ter magia!... Palavras com vida!...
- Uau!... Nunca vi isto!!!!! Um livro tão enfadonho, que interessante se tornou! - disseram algumas crianças.
A professora Maria da Paz aproveitou a presença das homófonas bailarinas para rever e distinguir palavras tão parecidas! Pareciam “gémeas” mas… “falsas”!!!
No quadro estava escrita uma frase, mas não tinha grande sentido… Faltava qualquer coisa…
- Faltará um acento?! – interrogou a professora.
- Qual?!? Eu ou ele?! Estamos aqui! – questionaram, em coro, o Acento e o Assento.
- Eu quero saber qual o acento para a palavra “pás” de usar na terra, para fazer buracos e plantar pimentos... – esclareceu Paz, a professora.
O Francisco, distraído, perguntou:
- Professora não tem assento, para se sentar?.. A sua cadeira?
- És sempre o mesmo rapaz… Sem atenção! Só podias ser tu!… Não vês que estamos a falar de palavras homófonas?
Alguns alunos mais perspicazes esclareceram logo a diferença entre as duas palavras:
- Professora, já sei! Assento com dois “ss” é de sentar no sofá, na sanita… E acento com “c” é de acentuação das palavras!
- Muito bem meninos! Nota-se que estão atentos!
- E nós não falamos?! – perguntaram, indignadas, as homófonas Era e Hera.
- Nós quem?!? – perguntaram os alunos.
- Até eu já comia uma deliciosa noz!… - exclamou a Clara.
- Aprende: “noz” com “z” é de comer, lembra-te de cozinha… Com “s” somos nós todos, primeira pessoa do plural dos pronomes pessoais!- elucidaram as “gémeas falsas”.
- Somos a: Hera e Era! … Eu com “h”, Hera, sou uma planta trepadeira, …
- E eu, sem “h” posso ser usada em: “Era uma vez…” o início de uma bela história!
Os alunos não cabiam em si de contentes e sussurravam, para não as assustarem: 
- Uauuu!!! Palavras falantes! Fico a perceber isto muito melhor!
- Se continuarem a portar-se bem, levo-vos ao concerto do Quim Barretes! – prometeu a professora.
- Ao quê? Oh professora… Mas afinal o Quim Barretes canta ou faz consertos?!? Ainda ontem o meu pai levou os meus sapatos de sapateado ao sapateiro.
- Mas que confusão rapaz! Presta atenção ao que te digo! Esse conserto de que falas é com “s” de saia, sapato, sapateiro! O concerto do Quim Barretes tem músicos com concertinas, cavaquinhos, clarinetes, castanholas, acordeão e, por isso, se escreve sempre com “c”! – esclareceu a professora Maria da Paz.
No sábado seguinte, a professora, como prometido, levou os seus alunos ao concerto do Quim Barretes. Que animação!
Logo à chegada deu-lhes um conselho:
- Quero tudo em grupo para não se perderem! Devem estar sempre juntos… Lembrem-se que, neste concerto, está o concelho de Famalicão em peso!
As palavras homófonas que tanto gostavam de dançar, não faltaram à festa e, escondidas, no bolso, de um dos alunos esclareceram:
- Conselho com “s” vem de alguém com sabedoria, que tem palavras sábias… Mas que grandes sabichões são estas crianças! Já concelho com “c” é uma cidade aonde estão associadas várias freguesias.
Todos se estavam a divertir muito!!! Um verdadeiro espetáculo! Até que alguém se apercebeu que estava um homem nu, a dançar no meio da multidão.
- Professora, professora!.. Ele está nunu… nu… - gaguejou um aluno.
- Eu sei, no meio da multidão!
- Não, professora, está nu, nu,… de nudez!
A professora, admirada, olhou, e alertou para as cenas que algumas pessoas fazem quando exageram nas bebidas alcoólicas.
Entretanto, todas as atenções se voltaram novamente para o palco, quando do acordeão apenas se ouvia um grande ruído… não havia boa sonoridade!
O Quim Barretes, descontraído como é, mandou parar o concerto e foi averiguar o que se passava. Verificou que um pequeno rato, saltou do acordeão.
- Mas… o que é isto? Que estás aqui a fazer?... Não é um concerto para roedores! AH!...  Deixou o acordeão roído!!!
Sem demora, pediu ao seu assistente:
- Zé, anda cá Zé,…procura alguém que saiba coser o instrumento musical! Amanhã temos outro concerto! Graças a Deus estás aqui para resolver isto.
- Mas… Quim, estava só a acabar de comer o meu “cozido à portuguesa”, cá da região minhota! A cozinheira teve tanto cuidado para o cozer! Hás de ver a cozinha dela… é fantástica! Mas, está bem, vou lá. Até logo, adeus.
O Quim Barretes remediou a situação:
- Sem acordeão, será complicado… Mas com cem de vós a ajudar, a festa vai melhorar! – o músico pediu colaboração da plateia.
E assim o concerto teve continuidade, com todo o público a bater palmas com bom ritmo musical, acabando com um glorioso fogo-de-artifício…
No final, a professora e os seus alunos iam para o autocarro. A confusão era muita!!! A professora preocupada alertou os seus alunos:
- Não se afastem! Respeitem as regras de prevenção rodoviária! Apenas podemos estar nos locais destinados aos peões!
- Piões?!? – interrogou intrigado o Paulo. - Não trouxe o meu pião
- Não faças confusão! Tens de nos saber distinguir! Pião com “i” tem um pico em baixo para rodopiar. Peão com “e” é de pessoas nas ruas e passeios. – esclareceu rapidamente este par de homófonas.
Para estes alunos as homófonas deixaram de ser uma confusão. Mas há mais, muitas mais!!!!
- Queres ser tu a continuar esta linda história?!? - perguntaram as outras homófonas.


Turma 4G
Professora Lúcia Meira e Carina Silveira

1 comentário:

Lara Gonçalves disse...

Eu gostei muito da vossa história, está bem escrita, faz um grande sentido. Dou-vos os meus parabéns.
4 ano de Gondifelos, a história está muito engraçada, e o título é mesmo indicado.