domingo, 14 de junho de 2009

Famílias escritoras (6)

UMA HISTÓRIA DE VIDA

Esta é a minha história e a da minha família.
Chamo-me Maria… Sou casada há muitos anos com António. Temos 5 filhos: a mais velha é a Ana, é casada e tem uma filha; a segunda chama-se Alexandra, é casada e tem um filho; a terceira á a Isabel, mora com o namorado; ainda tenho dois gémeos, com 8 anos.
A minha primeira filha nasceu, tinha eu 19 anos. Foi muito complicado porque eu não queria ter filhos logo após o casamento…
Depois do nascimento desta menina, dou entrada no meu emprego e descubro que estou novamente grávida. Fiquei furiosa da vida por não querer que a minha vida começasse desta maneira, mas aconteceu…
Não tendo quem mas guardasse, deixei o trabalho e fiquei em casa para tomar conta delas, e aí comecei a ajudar a minha sogra a trabalhar a terra. Tinha a segunda filha 8 meses, fiquei doente com anemia bastante adiantada. Fui hospitalizada para fazer uma transfusão de sangue e ainda anos de tratamento.
Os anos foram passando e eu resolvi ser ama de crianças para ajudar o meu marido nas despesas familiares. Comprámos terras, construímos casa, trabalhámos aos fins-de-semana e feriados, e com a ajuda de amigos e muito suor e trabalho conseguimos construir a nossa vida. Entre todos, resolvemos ajudar-nos mutuamente na construção da casa de cada um, indo trabalhar uma semana para um amigo ora para outro e eles assim faziam connosco também. Decidimos habitar a casa ainda por acabar, sem portas e sem janelas, com estores apenas e portas interiores. Aos poucos, fomos terminando a nossa casa.
Desde então, e com as minhas filhas já na escola e a casa acabada, o meu marido ansiava ter um filho homem e aconteceu a terceira gravidez. Mas foi outra menina! Então, ele resolveu parar de pensar no menino e disse:
__ Agora chega. Não há mais meninos! Ficamos por aqui.
Eu fui guardando crianças, mais e mais, e foram 27 que passaram pela minha mão.
Chegou o ano de 2000 e a Primavera trouxe o que eu já não esperava.
Era dia de Páscoa. O meu marido foi comprar leitão para o almoço, toda a gente comeu e tudo correu bem. Na semana seguinte começaram a surgir problemas; fiquei doente e com comichão no corpo, vómitos e diarreia. Fui ao médico de família que me deu medicação. Passadas 2 semanas voltei lá novamente porque tinha os mesmos sintomas. Ele deu-me medicação mais forte mas não me aliviou nada. Voltei ao médico e então disse-lhe:
__ Senhor doutor, eu estou igual. Mande-me fazer análises ou outros exames. Isto não está bem. Há alguma coisa muito grave! ...
Ele respondeu-me:
__ Não rapariga, isso foi uma intoxicação alimentar. O teu estômago está tão inflamado que vai levar tempo a passar.
Eu repliquei:
__ Será melhor fazer umas análises?
O médico respondeu-me que não, que tudo iria melhorar com o tempo.
O tempo foi passando, a barriga foi crescendo… Então decidi ir à farmácia fazer uma análise e descobri que estava grávida mais uma vez. Fui à Ginecologista que me confirmou outra gravidez e que tinha de fazer exames rapidamente. Nesses exames vim a saber que estava com 22 semanas de gestação e de dois gémeos rapazes. Foi uma gravidez de risco porque tinha um gémeo com problemas. Fui sempre muito acompanhada, entrei em repouso absoluto… Previa que fosse um parto de cesariana, devido à idade que já contava (43 anos), mas por sorte foi parto normal e sem costuras. Quando soube desta gravidez, levei um susto enorme; mas depois senti muita alegria…
Os meus filhos nasceram no hospital de S. João, no Porto. Eram muito pequeninos, com o peso de 1,790g e foram para a Neonatologia onde estiveram na incubadora ligados às máquinas, para poderem viver e aumentar o peso. Depois, vieram para o Hospital de S. João de Deus, em Vila Nova de Famalicão, onde continuaram a lutar pela sua sobrevivência.
Quando chegaram a nossa casa tinham já 15 dias de vida. Continuei a cuidar deles com muito esforço, muita luta e muito carinho e irei continuar a cuidar deles enquanto Deus me deixar, para eles poderem ser uns homens.
A minha vida deu uma volta muito grande, está um bocado complicada, o meu marido tem muitos problemas de saúde. Eu tenho de fazer de pai, de mãe, de esposa, de enfermeira, enfim, tenho de ser tudo, sozinha na minha casa. Por vezes, torna-se complicado e sinto-me cansada, mas procuro as minhas forças nos meus filhos. As filhas mais velhas são muito carinhosas para o pai, são muito amigas dos irmãos e dão-me muita força para eu poder levar a vida para a frente.
Eu acho que vou conseguir dar a volta e ser feliz à minha maneira. Somos uma família muito unida formada por pais, filhas, filhos, genros e netos. Vamos continuando a vida da melhor maneira possível, um dia após o outro e que Deus ajude a minha família e todas as famílias escritoras.

FAMÍLIA ESCRITORA DOS ALUNOS: ALBERTO OLIVEIRA E SILVA E RAFAEL OLIVEIRA E SILVA
3º Ano - Turma 2

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